"Massacre do Osso da Baleia" chocou o país há 25 anos
Tudo aconteceu na noite de 1 para 2 de Março de 1987, na Praia do Osso da Baleia (Pombal) e na Amieira (Marinha Grande) quando Vítor Jorge, contínuo numa agência bancária e fotógrafo de casamentos e baptizados nas horas vagas, assassinou a tiro e à pancada naquela praia cinco pessoas que tinham participado numa festa de anos na Guia, Pombal.
Depois dirigiu-se para casa, na Amieira, atraíndo a mulher e uma filha para um pinhal, onde as matou à facada. Uma das vítimas da praia do Osso da Baleia foi uma empregada de limpeza no Hospital Universitário de Coimbra, de seu nome Leonor Tomás, com quem mantinha uma relação afetiva.
Ao massacre escaparam a filha mais nova e um filho de Vítor Jorge, tendo a rapariga, já ferida, suplicado ao pai que não a matasse. Este, cansado e emocionalmente desgastado, deixou-a fugir.
Vítor Jorge não se entregou às autoridades e andou fugido durante dias, mas foi detido a 05 de Março, no concelho de Porto de Mós. O autor confesso do múltiplo homicídio tinha então 38 anos e começou em Novembro desse mesmo ano a ser julgado, por um tribunal de júri, que o condenou, em cúmulo jurídico, a 20 anos de prisão, que era a pena máxima prevista no Código Penal.
O julgamento ficou marcado pelo confronto de teses sobre a personalidade do arguido, com o catedrático e psiquiatra Eduardo Cortesão, já falecido, a defender que Vítor Jorge era "um doente mental grave" e, logo, inimputável, e os médicos do Centro de Saúde Mental de Leiria, que examinaram Vítor Jorge após a sua detenção, a garantirem que nada foi detetado no sentido da sua inimputabilidade.
O advogado oficioso do homicida, Mário Ferreira, chegou a defender em tribunal o internamento psiquiátrico de Vítor Jorge.
Recluso exemplar nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e, depois, em Coimbra, onde viria a ajudar à missa como sacristão, Vítor Jorge acabou por ser libertado após 14 anos de prisão, beneficiando das amnistias aprovadas durante o seu cativeiro.
A sua libertação, em Outubro de 2005, voltou a chocar o país, desta vez pela alegada brandura das leis penais portuguesas, mas o facto de o "assassino da Marinha Grande" ou o "mata sete" como ficou conhecido ter ido viver com familiares para Inglaterra, sossegou os espíritos mais inquietos entre a população da Amieira, que chegou a temer o regresso de Vítor Jorge.
Em Inglaterra, onde vive, Vítor Jorge, de 63 anos, terá protagonizado várias tentativas de suicídio, deixando os familiares apreensivos, mas são escassas as notícias sobre o dia-a-dia do homicida português no Reino Unido.